NOSSAS CASAS
Eu era menino.
Pulava o muro da escola
e saia antes de todos.
Queria ver onde você morava.
E o coração batia mais
que o ritmo pauleira.
Parecia querer sair pelas goelas.
E eu suava frio.
E me desidratava de todos os jeitos.
Precisava ser rápido,
senão perdia você.
E pegava o mesmo ônibus.
E me escondia atrás de mim.
Descia no mesmo ponto.
E desse ponto, seguia seus passos.
Minha casa era logo alí, depois da esquina.
E a sua também, uma depois.
Depois de tantos anos, tenha dó,
nossas casas viraram uma só.