Dois.

Com as bocas cerradas, salivando a sós o desdito, seguimos os passos do outro, lado a lado feito um rito. Eu sem enxergar um palmo à frente. Tudo pela sensação antecipada de certa dor pungente. Os punhos atados com força tamanha, que a mão eu segurava na intenção de evitar o aceno de um adeus desesperado. Era obcena a certeza da saudade.

Antevia tanto a falta, que uma água preenchia a caixa dos olhos. Aquilo quase me cegava. Foi quando, de repente, avistamos no meio do cinza sujo de uma calçada duas rosas brancas. Freamos o andar, refreei as lágrimas. Os dois vegetais paralelos e eu paralizada. Fui impelida a pegá-las mas, em sinal de respeito aos sinais do sagrado, segui o caminho acompanhada de minha felicidade.

Por: Paola F. Benevides

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