O mergulho.
A calmaria do local amplo e sem reserva.
A grandiosidade daquele conjunto de gotas de água aquecidas... e com conserva.
A expectativa do primeiro corpo para doar seu calor em troca de companhia naquela noite fria...
O observar pela janela de quem seria o ser corajoso que a enfrentaria.
O admirar das gotas de chuva que podiam molhar a tudo e a todos sem espera.
A sede de provar que ela não era apenas uma piscina... mas também uma aquecedora de atmosfera.
Não imaginava que durante todo aquele tempo em um apartamento alto e cheio de flores...
Uma mulher tomava coragem para organizar suas emoções e compartilhar dos seus temores.
Ela chegou transbordando um pedido mudo de urgência e timidez.
Descalçou-se e experimentou a temperatura da água com a ponta de seu dedo...
Mais de uma vez.
Ao ter certeza que aquele quentinho era o seu momento do agora...
Mergulhou desajeitadamente e com os olhos cerrados empurrou o passado e o futuro para fora.
De repente o turbilhão de sentires e pensares se silenciaram mutualmente.
Dando um momento de paz para aquela aflita e cansada mente.
O que se ouvia era o ritmo de um coração a desacelerar...
Que no encontro com as correntes de água morna se apressou a com o motor das mesmas combinar.
Emergiu na superfície de uma linha contínua de gotas de água ouriçadas pela visitante.
E percebeu que seus inspiros e expiros agora não eram mais tão discordantes.
Abriu os olhos e percebeu que não estava mais sem companhia...
Havia de fato um velhinho nadante, mas não era a isso que se referia.
A mulher apreciava o reencontro harmonioso com o seu eu interior...
Que após o banho de água pura e receptiva com nova infantaria se apresentou.
Apreciou uns minutos do vazio que agora a preenchia...
E notou que solidão era diferente da solitude que a pertencia.