A paz
Retarde a madrugada, escorra lentamente
o sol que acontece na ponta dos dedos,
desenhe com carinho novo outros enredos
e uma indelével coração e mente;
se houve chuva ácida agora não importa,
há teto e há carinho a tua espera,
domaste em ti mesmo enfim a besta-fera,
e o que ficou pra trás fez-se lembrança morta;
amor se nega à treva, descansa no escuro
onde não há quimera mais sobre quimera,
e não se trata aqui de rejeição ao impuro,
enquanto o sol se deita e derrete a cera
o óleo obtido unta o céu escuro,
somente para ungir a paz que há na espera.