CALMARIA
 
 
 
                    Eu achava que amava muito e investi todas as minhas fichas naquele amor alucinante.
                    O vendo, os trovões, os raios que caiam sequencialmente nem me abalavam.
                    A chuva torrencial pouco me importava uma vez que eu estava tranquilidamente amparado num forte.
                    No alto da montanha não havia a mínima possibilidade de enchente que pudesse nos alcançar e tirar-nos à paz.
                    Além do mais tudo o que acontecia ao nosso redor em nada nos afetava. Eu repousava nos braços da minha amada.
                    Ao bem da verdade eu até gostava do tilintar dos objetos tocados pelos pingos da chuva. O gotejar grosso no telhado soava como uma canção de ninar.
                    Uma calmaria invadia minh’alma e o meu coração batia compassado, até disperso no momento.
                    Por nós dois o tempo não precisava melhorar, não devia correr e nem parar. Era tudo alegria. O que acontecesse seria bom para nós.
                    É assim mesmo a vida. Quando estamos em paz conosco e com o que Deus nos dá, tudo no mundo resulta em calmaria.
                    Não. Eu não errei no investimento. O meu coração estava certo. Aquele era o meu amor verdadeiro. Aquela mulher era e é tudo o quando sempre sonhei para ser feliz.