Viagem.
Sonhei acordando.
Acordada sonhei.
Nesse sonho imaginei
para a serra eu indo
pela serra ficarei.
Por um tempo, por uns dias
entre o povo
algum trabalho farei.
Houve lama, destruição,
muita perda, devastação,
sem nenhuma salvação.
Agora o que vejo
destroços, desolação,
poeira de barro seco
lágrimas em petrificação.
No susto cogito recuo.
Para onde corro?
Onde me escondo?
Não posso. Vim para uma missão.
Respiro fundo, reergo a face
aprumo o dorso, ajeito os ombros
arredo escombros
Vou, sigo meu coração.
Ouço vozes, sussurros, murmúrios,
penso que tenho a dar,
penso que posso oferecer
supondo que algo me sobra.
Mal sei,
em minha tola ignorância,
que essa obra
é o que vai me abastecer.
Recebo olhares,
rostos com sorrisos em minha direção,
e esses, esses não pensei que eu fosse ver.
Deles tiro seiva, neles vejo brio,
trazem suspiro
enchendo meu coração,
preenchendo um vazio,
me aquecem a alma do frio.
Sonhei que estava indo para a serra,
acordei, arrumei a mochila, peguei a estrada,
fui por o meu pé na terra.