UM JARDIM COMEMORANDO A PAZ

Subo ao mais alto de mim,

e não gosto, do que vejo,

de um descuidado jardim,

fica-me o pensar: prevejo.

Flores que como eu, o viço

a puir, na liça com o vento,

acharam-me vão e magriço,

toquei-lhes, foi-se o alento.

Deitei mãos, à douta terra,

começando tudo de novo,

enquanto lá fora, a guerra,

levou consigo todo o povo.

Se bem pensei, melhor fiz,

e um belo jardim, jardinei,

pintando a pedaços de giz,

alegres cultivos que cultivei.

Nardos, girassóis e jasmins,

têm agora terra amanhada,

onde criar raiz – alecrins

brotarão por entre a chuvada.

E quando vierem os soldados,

das lutas, que lá batalharam,

dormirão muito sossegados,

junto às flores, que adularam.

Então serei menos exigente,

para com a minha pessoa…

serei sim alegre e contente,

que a paz vai lá fora: e ressoa.

Jorge Humberto

18/01/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 18/01/2011
Código do texto: T2737308
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