Descanso póstero, que o póstumo não quero.

Só faltam quatro férias, nesses anos de labuta,

para que possa ir jogar sinuca à tarde

e andar de pijama o dia inteiro,

sem esquentar cabeça com dinheiro,

quando na churrasqueira outra carne arde,

porque com algum bom senso levei vida astuta.

Não quererei, então, tormento nem êxtase,

nem pressa, nem vagar de velho com Alzheimer.

Doido na juventude, saudável na velhice,

soube enlouquecer, antes de ficar louco.

Não quero trabalhar,

não quero ser mandado.

Não quero bom combate,

nem ser mais enganado.

- Só quero descansar quando estiver cansado.

E se me perguntarem se não fico cansado,

ou se nunca me canso de tanto descanso;

responderei tranquilo, e deslavadamente:

- Se tanto descanso me cansa, então descanso!

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 30/08/2010
Código do texto: T2467671
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