O DESCANSO DO POETA

Ao fim de mais de dois anos a escrever

ininterruptamente, eis que a inspiração pede

meças à musa e baixinho lhe pergunta senão

está na altura de fazer um interregno e

dar um pouco de descanso à minha mente.

Sei de minhas obrigações por aqueles que não

têm voz, pelos ensinamentos perante as injustiças

de que tudo o que reluz não é ouro,

mostrando novos caminhos, dando esperança

e poder de afirmação, mas neste momento estou

cansado demais para ser de alguma valia, então que

faço eu aqui quando todos os pássaros já

partiram neste Outono tardio.

No entanto regressarei em breve quando o

fluxo e refluxo das marés chamarem por mim e sentir

de novo nos meus olhos os olhos de uma criança

pedindo que a acompanhem no derradeiro minuto,

pois que morre por inanição e não entende

porque não lhe saciam os homens

a fome que lhe corrói as entranhas por entre o

ajuntamento que faz roda na aldeia.

Jorge Humberto

30/10/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 31/10/2009
Código do texto: T1897812
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