SERENA
Fátima Irene Pinto
Uma preguiça de existir,
Um querer só dormir,
Sem pesadelos mortais.
Um cansaço visceral,
Um quê de fatal adeus,
A todos estes restos meus.
Renascer em outra escala,
Sem tantas dores dorsais,
Sem distúrbios visuais,
Sem confusões auditivas,
Sem panes pineais.
Ascender de patamar,
Com asas ao invés de pés,
E por sagrada alquimia,
Uma alquímica estrutura,
Em material imperecível,
Ao invés do poroso pilar,
Que me verga dia-a-dia.
E dançar, voar, amar
Leve, livre, airosa, plena,
Cabelos como melenas,
Asas como falenas,
No corpo ressurecto
De nova criatura,
Finalmente
Serena!