Paeternalidade
Meu pai?
Desse não sei...
minha mãe ficou em seu lugar
e o fez bem
Foi guerreira
Foi gentil
Se fez presente
Há força de vontade
que enfraquece qualquer obstáculo
Seu pai
Ah, amigo
esse eu conheci
Lembro bem
Inda mais quando
em meio ao dia
de algum lugar da sua infância
lhe trouxe bolas de gude...
Nos olhos, aquele brilho
como se cada uma fosse um diamante
Em seus olhos de fato era
As preciosidades sonhadas
no tempo de menino
nunca tem gosto de sangue
Seu pai?
Ah, amigo
esse eu conheci
Lembro bem
Com camisa de seu time favorito
exaltando o camisa 10
Era um tempo em que lembranças
vinham como poemas
entre as conversas
Sem querer ser saudosista
mas o passado
visto sob o ponto de vista de hoje
sempre será
uma boa odisseia
Ah!... e agora...
você é que é o pai
Aquele que lê para o filho
todas noites
histórias de Curupira
Jules Verne
Monteiro Lobato
e Peter Pan
Ah, isso é bom...
em meio a estante
Flash Gordon, John Carter
Reco-reco, Bolão e Azeitona
Intervalos de quebra-língua
e músicas que cantam
essa coisa que tudo rima
com esperança
Esperança é uma palavra
que não se conhece tão bem,
quando não se sente
Ser pai,
eu bem poderia ter sido
mas não fui
Minhas aventuras
foram passageiras...
tão velozes quanto as paixões
mergulhadas nos raios...
e ser pai é algo que parece exigir calmaria
Ah, ser pai...
é algo que não tive
e não fui
08-08-2021
10h32min