AGRADAR OU AGUARDAR - ACORDA XAUGUARÁ (Homenagem a um catingueiro!)

AGRADAR OU AGUARDAR - ACORDA XAUGUARÁ (Homenagem a um catingueiro!)

Foi-se o tempo das pessoas cativantes /

Que eram amadas pelo seu agradar. /

Mas agora servos cativos, pois o tempo não aguarda, /

Cobra tudo, tributa e engana o guarda, /

Torna a vida mais amarga /

E logo quer tudo que há.

Dorme o cervo, acorda o Guará /

Sua fome sacia, ao furar melancia /

Já que outra iguaria, na roça não dá./

Umbuzeiro surrado, no cupim ao lado/

Batata vazia, chuva não caia /

Na arribação, nem pomba havia, morre sabiá.

A caatinga sustenta até a jumenta, /

Com palma espinhenta, só pra agradar. /

Choveu Diamantina, socorre menina /

Escorre nas pedras, pra alma agradar.

Mandacaru fulora, já chegou a hora /

Barragem faz cheia, é só aguardar.

Dormindo a cutia, no vôo da cotovia, /

Invadindo a clareira, sem a quixabeira.

Plantar capineira, irrigando na beira /

Não há cachoeira, um açude surgia. /

Contar com a chuva, gado sem aragem /

Beira da barragem, pedras só eu via.

Achar um cunhado, trator e arado, /

Motor embrenhado, coragem havia. /

Juntando as tralhas, carroça e fardo, /

Arando a beira, irrigando semeia, /

Plantar o que havia, com chapéu sombreado, /

Semeando adubado, lá vem melancia.

Sem o mesmo gingado, /

Charle Brown estava ao lado /

Olhos marejados, Aparecida ouvia. /

Abençoando sorridente, só ele sente /

Com nova semente, crescendo arrojado /

Já pula o cercado, João melodia.

Viajar catingal, sem um embornal /

Carro estanca nas curvas /

Flor roseira era uma anja, /

Na fome do homem, uma canja, /

E surgiu uma Rosa Angela/

Presente de um juazeiro, etcetera e tal.

Publicado no Facebook em 18/04/2018