A SAGA DO ARIGÓ

Para João Nogueira da Mata

Com o chilrear dos passarinhos

Nos arvoredos do imenso rincão

Inicia o “brabo” a faina sozinho,

Ao se lançar em plena escuridão.

Na lida solitária da madrugada fria

Guiado sob a luz da poronga e fé,

Chega o arigó a estrada da arrelia,

sob a proteção divina de São José!

Após a sutil sangria das árvores

Recolhe o látex para defumação,

Ouro negro depois de fabricado

Não podia negar ao severo patrão.

Na tarde que prenuncia a noite,

sob o canto tristonho da sururina,

ao ver que a coleta não foi boa,

reclama da sorte. Ou será Sina?

Fugindo da tristeza e do açoite

Só resta em outro dia de rotina

buscar por detrás da vil cortina

o bendito saldo que nunca vem!

O poema A SAGA DO ARIGÓ - estilizado pela forma rebuscada das palavras versadas - trás em seu bojo os aspectos históricos do seringueiro na Amazônia. O enredo e a forma elitista da escrita se revertem em “homenagem singular” ao poeta amazonense, João Nogueira da Mata, cuja retórica e intelectualidade luziram minhas primeiras inquietações literárias.

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 01/02/2013
Reeditado em 19/02/2013
Código do texto: T4117710
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