Cláudia ou Cacá

Se criados juntos fomos,

Desde pequeninos,

Casal, assim compomos,

Nosso estado de irmãos e filhos.

Nas brincadeiras,

Da água da piscina de plástico,

Rompendo barreiras,

Deitados no chão, estáticos.

Escorregar no quintal molhado,

Com tombo de perder a fala,

Como é bom crescer ao seu lado,

Conhecíamos toda a casa.

Em viagens feitas,

Horas dentro do carro,

Enjôos e caganeiras,

A paisagem era o retrato.

Praias com ondas,

Que de noite navegavam,

Pelas fronhas,

Quando nos deitavam.

Seu urso de pelúcia,

Meu tambor,

Sua pequena astúcia,

Meu chororô.

As broncas da mãe,

O medo do pai,

As fortes emoções,

Os gemidos de “ai”.

Seus desmaios,

Não me assustavam,

Lhe davam abraços,

E logo eles passavam.

Na escola eram as histórias,

Notas azuis e vermelhas,

Uniformes coloridos, idiotas,

Professoras, merendeiras,

Excursões para lugares inusitados,

Muito mais corajosa,

Enquanto eu ficava amedrontado,

Olhando brinquedos do lado de fora.

Irmã é uma bela forma de dizer,

Companheira das felicidades,

Confidente quando não saber proceder,

Ombro amigo nas adversidades.

Os porres unidos,

Primos insuportáveis,

Familiares reunidos,

Choros natalinos inevitáveis.

As brigas para lhe defender,

Febres de saudade por dormir fora,

A gente cresce sem perceber,

Mas mantém algo que não deteriora.

Desentendimentos fazem parte,

As discordâncias são importantes,

É um jogo de defesa e ataque,

Combate limpo que segue adiante.

Duras penas passamos juntos,

Como as alegrias vividas,

Não mudaria nada disso tudo,

Já que essa é a lição da vida.

Aquele mesmo rostinho de menina,

Endurecida pelas batalhas que tornam mulher,

Mantendo o jeito de Cláudia, a maninha,

Cacá ou cakinha, como lhe convier.

Me inspirou com sua rebeldia,

Quebrando as regras,

É de uma admirável valentia,

Te amo por ser essa fera.

Mas a braveza não encobre,

O jeito amável de sempre,

A “pretinha” que a casa sacode,

Mas que nunca abandonou a gente.

Agora, casa, segue o ritmo,

Me enche de alegria por existir,

Tem casa, um “pingo” e marido,

Mas é a mesma de antes de partir.

Falar de quem a gente ama,

Nunca permite dizer tudo,

Extravasa o que a palavra clama,

Porque o sentir é mais profundo.

Cacá, você é a minha esperança,

Pois veio antes, está adiante,

Me fazendo guiar por sua andança,

Jamais renegando esse mesmo sangue.

Tantos relatos a serem ditos,

Mas eu relembro um apenas,

O de quando podia ter fugido,

Mas me seguraste, você se lembra?

Afeto de irmãos também é infinito,

Quando aprendem que a união,

Não faz parte de nenhum capricho,

Mas é cultivada, no coração.

Jamais estará sozinha,

Nunca esqueça este fato,

Contará com minha companhia,

Seu irmão está ao seu lado.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 15/01/2013
Código do texto: T4085444
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