Belas bruxas do pós-agora
Uma dupla de deslumbrantes bruxas medievais
Transportou-se para o imediato pós-agora,
Usando colares de minérios vindos de velhos alquimistas
Que escolheram esconder o elixir da longa vida.
Embora viessem de eras com melodiosos odores de outras horas,
Nada nelas impossibilitava o raiar de suas vanguardas macias,
Eram vistas no alto de todos os altares, por quaisquer ângulos,
Apontavam onde estavam os pergaminhos que só os loucos lêem.
Elas trazem nos bolsos de seus vestidos renascentistas
Visões tão futuras que tornam o tempo um casulo,
Elas falam idiomas de luzes, calafrios e orgasmos,
Os quais não necessitam de seres para fazerem-se verbo.
São damas cuja elegância tem novo significado,
Pois que tudo nelas tem aroma e som de afagos,
Tudo nelas diz sobre superar o que fede a ontem
E conspira para rebatizar o que se chamava poesia.
Dedicado às poetas Tânia Menezes e Dalva Molina, duas pérolas, recentemente por mim descobertas, num mar de coisas mortas, agonizantes e(ou) robóticas. Damas, aceitem estes humildes devaneios de um admirador de vossas vozes suaves e sábias. Ou não aceitem, se assim preferirem. Ainda assim continuarei as louvando.