Á LUIZ GONZAGA “O REI DO BAIÃO”
 
Fui menino da nação nordestina
Criado na ardência das estações
Num tempo de pouco fortuna
Nas garras de nobres patrões
Trabalhava noite e dia, infortuna.
Embalado ao ritmo do baião.
 
Sentado em um tamborete
Com ouvidos ativos castos
Sem alcançar os pés no chão
Batia palma e sorria contente
Tenho isto nos sonhos vastos
Escutando ária de Gonzagão.
 
Cantor procedente de caiçara
Onde a lua de prata faz morada
Encantada Serra de Araripe
Onde pássaro faz entoada
Santana a mãe que gerara
Não tinha noção de sua estirpe.
 
Principiou com a primeira paixão
O olhar de uma linda morena
Em um domingo lindo na novena
Sem controlar o rumo do coração
Encantou-se por uma moça da região
A rejeitada e sua adorada Nazarena.
 
Sem poder viver um grande amor
Mesmo com as juras e promessas
Viu o céu cair e seus anjos revoar
Teve que partir com toda sua dor
Fugindo da morte às pressas
Antes de o bacamarte entoar.
 
Com a alma partida e em pranto
Deixou para trás suas razões
Caçou ser um soldado solitário
Como galo de campina só, sem canto.
Procurando na corneta suas canções
Em uma nota sem repertório.
 
Percorrendo terras e trilhas sem noção
Não sabia aonde ia, seu verdadeiro destino.
Sua busca ainda não tinha uma razão
Mas Deus tinha por desejo determinado
Se tornar o maior cantor nordestino
Predestinado desde muito pequenino.
 
Venho agradecer a Domingos acordeonista
Quem em um momento crucial e divino
Ter impulsionado tão grande artista
Para representar o povo nordestino
Que na antiga Capital do Brasil
Largou sua farda surrada e seu fuzil.
 
Tornou-se o Rei e Majestade do Baião
Velho Lua, Bico de aço
Lula de Pernambuco
Embaixador sonoro do sertão
Por todos conhecido
Como o Grande Gonzagão.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 23/02/2012
Reeditado em 19/12/2013
Código do texto: T3516035
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