O anti-mago mágico
Um grito de revolta na orelha do acaso
Foi ouvido em províncias longínquas,
Atingindo espantalhos inconformados
E pedras com desejos por asas.
Um sussurro de alívio perpetuou ecos
Que abraçaram séculos como se fossem sonhos,
Exigiu compreensão onde haviam trevas,
Conquistou espaços onde tudo se contraía.
Uma baforada de sapiência perfumou o esgoto,
Alimentou com febre a saúde morta,
Trazendo a verdadeira energia que move
Aqueles que sucumbiriam aos ares artificiais.
Um gemido de alegria movimentou os mormaços,
Fez dos sonâmbulos flechas direcionadas ao indigno,
Batizou com água benta de liberdade os grilhões,
Onde jaziam, existindo, alguns seres sedentos .
Um falsete desafinado criou uma nova harmonia,
A qual extinguiu todas as velhas cantigas previsíveis,
Trouxe um sentido que havia sido esquecido
E que tanto fez falta para a escala musical .
Um pensamento maiúsculo rompeu a vida dos limites,
Tornou a telepatia ultrapassada e inútil,
Violentou, por necessidade, a nova manhã que surgia,
Apoiado pelo sol e pelos vegetais a espera da revolta.
Dedicado ao grande poeta Eduardo P Souza, que tem me deleitado com suas visões irrequietas e inéditas, que tem me incentivado com seus comentários sempre inteligentes e que (desculpe-me, amigão) tem me influenciado com sua pena ferina, vibrante e ao mesmo tempo terna e sensata, para além da literatura.
10/02/2012