Poema para Anne Frank

Sabe Anne Frank,

A prodigia criança que faliu?

Eu quase vivi em seu diário,

Quase fui Peter e o verdureiro holandês.

Quisera eu ser o pai de tão peculiar criatura,

Amante das letras, dos sentimentos e da esperança.

Quisera eu ter a coragem e o caráter

Das almas enclausuradas a espera da razão.

(Sempre tão na porta e sempre tão longe).

Sabe Anne Franke,

A menina mais velha que já conheci ?

Ela cresceu em dois anos

Mais do que eu e tu em trinta;

E ela mantinha o seu próprio mundo

De observações e questionamentos,

Feliz e triste, forçosamente, escondida com sua gente.

Quisera eu ter conhecido tão peculiar criatura,

Certamente era um infante ser de olhos profundos que,

Insolente, me humilharia com sua perspicaz sagacidade.

Ela foi uma criança que teve a menstruação interrompida

Por força da lei que então era vigente,

E ela quase conheceu o que era o prazer do amor e do sexo,

E ela fez compotas de morangos e estudou inglês e mitologia.

Sabe Anne Franke

A mulher que escreveria um belo livro em 62?

Pois é, ela não teve tempo, nem chance,

Também, quem mandou ser judia e nascer na Europa?

Será que existe um túmulo para Hitler?

Será que todos os ossos do Vietnã serão

O petróleo do futuro?

Será que no Iraque as crianças brincam de carrinho?

Será que na China as meninas brincam de filhinhos?

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 03/10/2011
Código do texto: T3255212