Pequena cidade
Há uma melancolia aconchegante
No anoitecer desta pequena cidade,
Quando a neblina, charmosa e cínica,
Planeja secretamente ocultar toda a beleza,
Mas falha,
E, com sua intenção invejosa,
Acaba dando origem a uma outra beleza.
Há uma melancolia aconchegante
Nas árvores que perdem o seu verde,
Nas ruas vazias, sem pedestres,
Nas casas caladas, luzes acesas.
Há uma melancolia prazerosa
Na melodia silenciosa desses ruídos noturnos,
Neste mundo nos fundos do fim do mundo,
Neste canto que canto aqui em meu canto;
E é difícil imaginar o sol nascendo amanhã,
Pois o tempo, que é a razão de ser dos relógios,
Aqui parece confinado em um quadro.
Julho/1999