Tributo

Eras a flor que emanava o perfume.

“Muguet du Bonher” — o néctar dos deuses.

Algoz para muitos, inermes.

Pelas serras e sendas sertanejas, algures...

Teu nome ecoava em afável melodia:

Imarcescível vestal, augusta mulher.

Ao despertar singelo do outono,

Aurora de outros equinócios,

Sulcar-te-iam o fruto intangível da pureza.

Tornaste a ti o gáudio da Rua Guaicurus.

Aos homens — quimeras, blandícias, deleite.

Das mulheres — ciúmes, motejo, desdém.

Haveria quem se negasse a tantos encantos?

Teus olhos realçavam o esplendor da noite,

Inflamando os corações inóxios.

Cativas almas, enlevadas, rogavam

Pelo amor de Afrodite na terra.

Partiste contudo — doce e amarga ventura.

Dos anos findos, minguam sóbrias lembranças.

E no silêncio plangente de Minas,

Um nostálgico suspiro paira por Hilda Furacão!

Mário Neto
Enviado por Mário Neto em 27/07/2011
Reeditado em 17/03/2019
Código do texto: T3121454
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