Culinária Popular

Bom demais ser brasileiro,

Temos fartura de culinária,

Sei de gente faminta, não é segredo,

Mas é coisa de povo com desnaturada pátria.

Aquele feijãozinho que vai,

Dum canto a outro do país,

A Feijoada é que satisfaz,

A gente exagera, come demais.

Aquele monte de carne mergulhado,

Um porco inteiro vai nessa receita,

Do animal come-se até o bendito rabo,

E com farinha aquele mistura é uma beleza.

O arrozinho bem temperado,

Tempero aqui não nos falta,

Dizem que no Nordeste é pra todo lado,

Imensa variedade que temos em volta.

Aquela Peixada bem feitinha,

Uma pimenta na mistura fica do pé da orelha,

É bom que dê uma ardidinha,

Ainda mais em peixe de carne escura na mesa.

E peixe é bom com pirão,

Uma cachacinha abre o apetite,

Cerveja cai bem na refeição,

Alho, cebola, nada de condimento de invencionice.

O Arroz Com Bife e Batata Frita,

A gente ainda jogo o molhinho por cima,

Se tiver um refrigerante o sujeito anima,

Acha-se esse composto em qualquer esquina.

Se quiser algo mais encorpado,

Pode-se comer uma Vaca Atolada,

Frango caipira ensopado,

Nada de galinha de granja envenenada.

Uma rabada a gente lambe os beiços,

A vaca aproveita até os cascos,

Aqui não se tem o indiano respeito,

Come-se e em seguida damos aquele arrotaço.

As regiões do Brasil agradam diversos paladares,

O litoral tem comida de beira de praia,

Uma peixaria que a gente se abastece nos bares,

Cada camarão que escorre da boca a bába.

A Capirinha é nossa,

Não adinta vir com bebida fina do estrangeiro,

Nosso limãozinho é foda,

Gringo vem aqui e joga fora seu hábito whiskeiro.

Restaurante de beira de estrada é sempre uma surpresa,

Uns servem de uma forma que é melhor nem saber o tempero,

Saímos de casa com ânimo de comer comidinha caseira,

Vai entender o que passa conosco nesse mental destempero.

No açougue a carne está exposta,

Aquele cupinzinho na brasa,

Se quiser assa uma costela por horas,

Um choricinho também arrasa.

Do bode também se fez a Buchada,

Tem alimento metido a gringo,

Nomes de pronúncia dificultada,

Marcas deixadas pelo estrangeirismo.

Até nosso Hamburger é melhor,

A gente come carne de vaca, nada de minhoca,

Queijo podre pra mim é o pior,

Lá fora acham chique, pra mim o bom é da roça.

Aquele queijinho mineiro,

Uma manteiguinha que derrete,

Arroz carreteiro, feijão tropeiro,

Quitutes que doceiras nos provocam diabetes.

Tem tanta comida que nem provei,

Outras nem sei o nome,

Regiões que ainda não visitei,

Território imenso pra um homem.

Os "indígenas" tem hábitos fascinantes,

Quem sabe comer um papagaio assado,

Quem sabe tatu, cobra, algo mais picante,

Um bicho novo que se tenha encontrado.

Nem entrei nas frutas, verdures, legumes,

Vai da maçã, banana, caju, abacate,

Até couve, salsa, brócolis, um verde perfume,

Tem beterraba, beringela, chuchu, tomate.

Não é atoa que temos encicloédias disso,

Quantos escritores celebraram nossas iguarias,

Jorge Amado, Lévi-Strauss, Gilberto Freyre, até imperiais patrícios,

Nossa terra dá gosto de ver e provar, amamos nossa glutonaria.

Os antropólogos sabem, quer saber de um povo,

Procure conhecer os hábitos culinários,

Assim, o brasileiro para se conhecer é fogo,

Sua cultura é de um incomensuável cardápio.