Mulheres Negras
Falam tanto das beldades,
Aquele racismo europeu,
Que tem que ser branca de verdade,
Conversa de quem não cresceu.
Já se vive no Brasil, onde tudo é misturado,
Pior os de fora que pensam que são puros,
Só se for pura mistura, não me venham com esse papo,
Tem gente que acredita nesses absurdos.
Já viram uma mulher negra?
Aquela beleza de pele noturna,
O aroma singular que nos presenteia,
Fêmea que provoca até disputa.
Seu africanismo é maravilhoso,
Os cabelos crespos são belíssimos,
Chamam de cabelo ruim, que desgosto,
São boas em tudo, racistas eu advirto.
Os seios não são de nenhum branco anêmico,
Mas de uma coloração amarronzada,
Sua remelexo não é invenção, mas autêntico,
Seu charme deixa a visão hipinotizada.
Beleza preta, como a Nuit egípcia,
Nada de Cleópatras estilo Elizabeth Taylor,
São elegantes desde as de relíquia,
No Brasil dessas formosuras também temos.
Escuras sim, porque renegar a pele?
Que importa como chamem essas mulheres,
Pois são fêmeas, não há quem negue,
E homem se desvencilhar não consegue.
Alguns Porcos as chamavam de Macacas,
Vejam como epíteto tem pra todo tipo,
Mas adoravam tê-las nessa zoofilia escrava,
Humilhadas e estupradas perante o servilismo.
Hoje sofrem muito perante a sociedade,
Basta pensar numa estrutura burguesa,
Machista, Racista, que disparidade,
Sofrem como Mulher, Pobre e Preta.
Quantas Claras e Brancas batizadas,
Só o Gilberto Gil teve coragem de ter uma Preta?
E as carnavalescas mulatas?
Só nessa época do ano que o sistema as respeita?
Orgulhem-se sim, mulheres negras,
Sua beleza não é inferior, vocês são lindas,
As mazelas que são submetidas é feia,
Sua força faz resplandecer, donzelas oprimidas.
Antes de tudo humanas,
Seu olhar vivo me emociona,
Suas formas me encantam,
As desejo muito além da conta.
Jamais empregadas,
Empregadoras do amor,
Não precisam estar ensolaradas,
Como branquelas sem cor.
Estética de ébano apaixonante,
A vocês nós nos rendemos,
O amor não tem cor, Eros garante,
Aos Orixás agradecemos.