Nietzsche
Filósofo maldito!!
Assim muitos o chamaram,
Por demonstrar em escritos,
O quanto os homens se enganaram.
Sua filosofia era ácida,
Não por conter algo de horror,
Mas pela constatação fática,
Da própria desilusão que nos deteriorou.
Precisaram décadas e milênios,
Para que fosse abalada,
Aquela lógica de longínquos tempos,
Que a escola socrática professava.
No berço alemão nascia,
Uma figura criada no seio religioso,
Diante da moral que distorcia,
Todo seu ímpeto de artista virtuoso.
Em meio ao falso gênio acadêmico,
Foi renegado por contrapor-se ao racionalismo,
Foi além com seu humor arsênico,
Exaltando um violento e emergente romantismo.
Romântico até a sua essência,
Impelido pela arte na sua forma mais bela,
Não se privando de provar da decadência,
Devassando-se em uma sublime luta sem trégua.
Tivera inspiração geniosa,
Adentrando uma filosofia schopenhaureana,
A música de Wagner, gloriosa,
Depois renegando tudo isso de forma profana.
Permitia-se mudar, inclusive em relação a si,
Impregnado pelos pré-socráticos,
Desejava com gana, a impáfia ocidental ruir,
Seu grande referencial era Heráclito.
Fez-se de Criador, concebendo seu Zaratustra,
Que seja de inspiração zoroástrica, não importa,
Seu messias da desgraça devastou os alicerces de forma única,
Depois dele nada mais seria da mesma forma.
Enquanto tantos buscavam aquele sentido último,
Esse filósofo nos demonstrava o frágil último sentido,
Anunciando aos quatro ventos que Deus é defunto,
O homem precisava despir-se desses dogmas embutidos.
O cristianismo por ele foi visto,
Sem aquela roupagem de devoto,
Afirmou que a doutrina morreu com o Cristo,
Só restando exaltação dos destroços.
Seu martelo ao marretar os ídolos,
Foi mais impiedoso que Volcano ou Thor,
Mostrando que o ideal é por si corrompido,
Que não se espera além dessa vida algo que seja melhor.
O Eterno Retorno apenas cumpre o trajeto,
A serprente mordendo sua cauda de forma incessante,
A destruição de Shiva é o resultado por certo,
Somos arrebatados num delírio sem se dar conta do instante.
Tentam subtrair o esplendor nietzschiano,
Apontando sua loucura como deturpadora,
Mas o filósofo-gênio sabia do seu lado insano,
Essa era a grande sabedoria que se fez reveladora.
Tão exposto por ser demasiado humano,
Infiltrando nas mentes de natureza vulgar,
A idéia genuína do seu Übermensch santo,
Que anunciava uma nova era que iria chegar.
Nem a violência de uma historiografia conservadora,
Conseguiu deter sua onda devastadoramente mutável,
Fazendo ruir os pilares da escola alemã conservadora,
Criando um séquito de pensadores epígones inigualável.
Sua face expondo o frondoso bigode,
Assim muitos o referenciam pela estética,
Também os que se servem por sorte,
De suas máximas impactantes e feéricas.
Vieste revelar ao mundo,
Através do que foi em vida,
Que não mais negaríamos o absurdo,
Pois somos parte dessa euforia.
Nietzsche, faço um simplório agradecimento,
Em nome da Filosofia outrora perdida,
Que os auspiciosos contemporâneos em meio ao sofrimento,
Buscam desprendar as amarras que ainda nos agoniza.