EXPERIENCE

Deuses são assim, efêmeros e elementares, quase humanos, quase visíveis, quasares perdidos dos astros, mastros de navios náufragos, boléias de antigas carruagens em estradas poeirentas e desertas, braços amputados de titãs periféricos, vilões e carrascos de si, reis de um mundo diverso e distante que não criaram, por isto são deuses.

Quantos existem? Mil, milhares, milhões, mais de um certamente, mesmo que seja um para algo e outro para outra coisa, como os gregos ou romanos ou indígenas, deuses para o sol e a terra, deuses para o prazer e a fúria, deuses para amar e punir, deuses do futebol, de todos os esportes, deuses de todas as artes, dentre estes, deuses da música, dentre estes, deuses da guitarra, dentre estes, um deus negro da guitarra, vil, insurgente, gênio, único.

Hoje todos os solos tem esta influência, hoje todos os riffs tem esta origem, hoje todos os sons são blues, hoje não estamos órfãos, pois os deuses que não concebemos, que se fazem de sua obra, são mortais, mas sua criação não, são perenes, ficam na memória, na saudade, na angústia, na tola esperança, na sã nostalgia.

Quem não crê em deuses, faça sua experiência, acompanhe uma banda de ciganos, ouça, hoje e sempre, Jimi Hendrix... e fico por aqui, não há palavras que acompanhem seus dedos, sua estereofonia, sua fixação e criação, sua música...