O VELHO II

Caminhar lento,
Cabelos grisalhos
Marcas no rosto
Mãos e sonhos dilacerados
A cor decomposta
Simples operário
Sem resposta
Firme e solitário

Com passos certos e inseguros
Rumo ao sol
Pensamentos futuros
Arrebol
Um nó na garganta
De um resto de estrada
Do gosto da vida, sabor de pimenta
Meio doce meio ardida

O resto do caminho
Sem flores na estrada
Arrefecer sozinho
Espinho e pele rasgada
O horizonte está perdido
Na partida para outra jornada
O olhar ferido
Em busca de outra autoestrada

Os sonhos ainda sortidos
Em pesadelos nebulosos
E os desejos contidos
Em um coração furioso
Vencer, esquecer a dor,
A vida, um desafio qualquer
Buscar a onde for
Os mistérios da fé

Fixar seu ninho
Fazer sua morada
No futuro o homem sozinho
Não será nada
Ficará refém do medo
E da própria sorte
Não falará seus segredos
Na certeza da morte.

Autor: Leon Gomez, poesia feita em 28 de fevereiro de 1987 em homenagem ao meu velho pai Luiz Gomes.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 07/09/2010
Reeditado em 18/06/2011
Código do texto: T2484773
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