ANTES QUE ME ESQUEÇAM

Antes que me esqueçam,
Estou aqui meio morto
E minha visão turva
Da chuva que molha meu rosto,
Mostra-me a rua, a curva,
Que me trás lembranças.
Hoje é terça, vou prá casa e entre no quarto,
Meus sonhos, minhas esperanças,
Levam-me a uma viagem e parto.
Partes,
Corpo,
Ser e alma.
Grito no porto, no cais,
É o caos.
Sou atingido no peito pelo o desejo
E sei da grandeza da dor,
Disparo bombas de iras,
Mas não sei a quem alvejo.
O sangue que jorra a minha alma gira,
Busco um novo despertar,
No desespero a realidade grita mais forte,
Volta calma a minha alma a me fitar,
Traz-me lembranças...
Sem paciência e sorte,
Antes que me esqueçam,
Hoje é terça não suporto mais,
Meu corpo, por favor, aqueça,
Mas não me esqueçam jamais.

Poesia feita por Léo Bargom em 05 março de 1987 para o irmão que não superou o alcoolismo.

Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 19/07/2010
Reeditado em 23/07/2013
Código do texto: T2388094
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