Fernando Anitelli

De onde tiras o dom
de espalhar graça e arte?
De onde tiras o tom
do qual tua vida faz parte?
 
Com qual tinta pintas o teu rosto?
Com que voz tu cantas o teu canto?
Fazendo-nos esquecer da vida o desgosto
e enxugando o nosso pranto.

Que arte é esta que te toma
envolvendo-o em tão bela magia?
Que a poesia centelha soma,
trazendo a nossa vida alegria!

MÁRCIA KALINE PAULA DE AZEVEDO


*Imagem de Fernando Anitelli

Sintaxe À Vontade
(Fernando Anitelli)

Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto e indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas pode ser aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua verdade,sua fé
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
pode ser também encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?




 
Márcia Kaline Paula de Azevedo
Enviado por Márcia Kaline Paula de Azevedo em 10/07/2010
Reeditado em 02/04/2017
Código do texto: T2369098
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