O POETA CEGO

O POETA CEGO

Faltava-lhe a visão dos olhos,

excedia no olhar da alma.

sensível ao extremo,

extremados versos,

doces, suaves, contudentes.

esculpia poemas

na brilhante mente ,

em segundos apenas;

encantava o seu versejar,

escorria amor, lirismo,

a dor latente,

metafóras, eufemismo,

poesia que se sente

no âmago do coração.

em dias de desvario,

atirava versos no luar,

rascunhos nas estrelas,

chorava um rio

de sorrisos,

que caia no mar,

no momento preciso,

é preciso navegar.

poeta enxerga,

o que ninguém vê,

arco-íris alados,

eclipse de orquídeas,

parto de rosas,

a música silenciosa,

tons alaranjados,

pôr do sol em Nairobi,

amanhecer interior!

[gustavo drummond]