O SER POETA

O SER POETA

Comum, igual, similar,

arquiteto subjetivo,

Ama o amar,

vive a navegar,

por águas turvas,

recuperando fragmentos,

dimensionando momentos,

endireitando curvas,

renomeando palavras,

vivendo atráves de reflexos,

não cala, não sara, não para,

expressando-se naturalmente.

Dizem que poetas são dementes;

o que lhe vale como elogio,

somente...

Tece elegias, alegria, aguda dor,

alinhavando, ponto a ponto,

a ponto de sentir amor,

em qualquer situação.

versos, como oração,

ainda que profana.

canta um conto,

troveja trovas,

sugere sonetos,

camaleão autêntico,

cria e vive constantes

metamorfoses.

não morre nunca...

doa o seu dom, doa-se

em poesias aflitas,

odes serenos,

voz que grita,

no silêncio ameno.

templário tempestivo,

curare, lenitivo,

amor, ódio.

extremos vividos,

não visa pódio,

sujeito sugestivo;

se seus veros são lidos,

ou não.

nada importa,

vale abrir a porta,

deixar fugir

pássaros de cristal,

navegar na contra-mão,

do correto, racional.

habitar o abissal,

viver vivo ou morto,

essa vida semi-eterna!

[gustavo drummond]