O ANTRO DA COVARDIA

Na sombria madrugada

De mais um dia longe

Da tão chamada civilização,

A paz se desfaz na conclave

Desta profunda insanidade,

Lágrimas derramadas

Em profunda agonia,

Gritos e lágrimas amargas,

Inundadas por angustia e dor

E aniquiladas por a covardia

A morte em seu cruel porte

Nessa violência sem temor,

O pai ao perder o seu amor,

A mãe ao ver seu filho morrer,

Valentia frente a ira do conquistador!

O valente vira clavo na cruz,

Escomungado e torturado

Na prisão desta insanidade,

Sem comida, nem vida, nem luz,

Sangria virando sua uníca lei

O rei vira um mero escravo,

Vestes rasgadas, coroa roubada,

Sendo o alvo de penitência

Marcas em suas costas fustigadas,

Incoherência frente a inocência

A mullher vira vagabunda,

Sua dignidade flajelada

Entre o imundo e a sujidade,

O cheiro da morte esbravejado

E sua prostituição forçada

A dor não se faz ouvir, nem saber

Neste viver onde dia após dia

Um novo olhar chora

A sua ultima hora,

E um corpo se desfaz

E some em seu pranto.

O mar, o seu ultimo porto

O recolhe em seu manto,

Liberto da fome e da morte

Mas injustiçado em seu antro!

"Eís a nossa história?

Escravidão na base desta nossa civilização!

Se fôr assim, vamos pelo menos os lembrar,

Aceitar sua dor, dar-lhes seu valor e os respeitar."

Salomé

Inspirado no texto "Choro de um Escravo"

Texto T1613817 "Kiel" 25-05-09

Salomé
Enviado por Salomé em 01/06/2009
Reeditado em 02/06/2009
Código do texto: T1627057
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