AQUARIUS
AQUARIUS
A circunspecta figura
Olhava a sala extravagante
De sabores e cheiros
Onde a perene textura
Em Pedra flamejante
Se enchia em campos de celeiros!
Num qualquer cadeirão
O Homem pensava, distante!
Talvez fossem pétalas,
Folhas caídas, ilusões
Inspirações!
Tinha um olhar semelhante
Aos olhares da cotovia,
Da Lua, de Marte…da melancolia!
Apontava o longe e o perto,
O oásis e o deserto,
O caos e o poema!
Num canto, três mulheres,
Apenas mulheres
Beijavam a brisa branca,
Pétrea, marmórea, franca
De um qualquer Tomás escultor,
Aureante de vida, de amor
Naquele salão com cadeirão!
Pintalgadas, as paredes mudas
Outrora frias e surdas,
Brotavam jarros e cravos
Sobre a luz da candeia
Semi-acesa, meia-meia
De uma luz doce e calma
Como são os sorrisos das crianças!
Naquele salão havia gente,
Tão pretende, tão ausente,
Olhando aquele Homem sonhador
Onde, na arte, via amor
De Universos sacrários
Onde o Sol se põe e a Lua nasce
Sobre um manto de cetim
Da constelação de Aquarius!
(A Jorge Silva, que respira arte e simplicidade)
José Domingos