Sou apenas um caminhante,
Que salpica a estrada com 'speranças
Na busca contínua do além,
Daquele porto, onde ninguém
Ancorou ainda bonanças
Das naus velhas de viajante!
Sou o penhasco, o castelo,
A selva densa,o espaço,
O vento suão, onda do mar,
O verbo 'inda por conjugar,
Barro com que moldo e amasso
Desejos meus, que não revelo!
Sou a brisa, a tempestade,
O sorriso simples dos simples,
Jardim, regato, pradaria,
Oração, prece, honraria
Das flores, de sonhos distantes,
Cançoes, odes de sudade!
Sou o poeta, o amigo,
Da noite fiel confidente,
Do rouxinol o companheiro,
Infante eterno, escudeiro
Lutador firme, confiante,
Suor e sal, semente e trigo!
Sou o som da lira que encanta
Os momentos ternos, sedentos
De amores e de afectos
Plasmados em simples momentos
Como são os encantamentos
De quem deseja, de quem canta!
Sou eu! Aquilo que apenas sou
Não é quimera nem ilusão!
E minh'alma, o meu caminho
Que calco neste meu destino
No palpitar este coração,
Na busca eterna p'ra onde vou