CAMINHANDO
( A Trancoso, aos trancosenses, à portugalidade)
CAMINHANDO
Caminhando, os passos passam apressados!
Na velha vereda pisada p’las memórias
Ainda bem ecoavam as antigas glórias
De reis, de espadas, de batalhas e de passados!
No alto da montanha, ventos desfraldados
Combinavam o épico grito das vitórias,
Tingidas de sangue, de heróis e de histórias
De Tição, de Magriço e alcaides consagrados!
AH! A fortuna cega de querer e amar
Esta terra, tão perto do céu, tão longe do mar
Povoada de riachos, lameiros, colinas
Que carcomidas árvores fizeram em meninas
As florestas da giesta, da urze e pinheiro,
Galgando aromas selvagens no ‘spírito romeiro
De Homens e mulheres, de crianças e gente
Ao versejar feitos e humildade perene
Dos grandes povos frente ao mar, à nau e ao leme,
Que conduz a bom porto a decisão, a força!
Enigmáticas pedras as que vislumbro no além
Sobre a montanha, em coroas serpenteantes,
Olhares atentos, abertos e vigilantes,
Guardando os segredos mais ímos desta terra-mãe!
Talvez sejam pajens, cavaleiros, tudo e ninguém
Gentes, povo, almocreves, judeus, navegantes
Num rendilhado qu’as velhas ruas indiferentes
Em livro sagrado, que o coração e a mente tem!
Olho, pensante, aquela montanha d’ar folgoso,
Orgulhosa do seu sol , de alma antiga e jovem!
Ali me sento e ergo as mãos para que louvem
O Céu mais belo, a melodia mais terna que tem
Este recanto de amor, a terra de Trancoso!
José Domingos