FOI EM ABRIL ... NUMA RUA!

FOI EM ABRIL...NUMA RUA!

Foi em Abril que te vi,

Corada como um cravo!

Choravas lágrimas de esperança,

Queimavas em ti os ecos

De uma qualquer rua deserta

Onde negavam o teu eu

Apenas retratada na sombra

Projectada do candeeiro!

Foi naquela madrugada

Que te abracei mais forte

Num gesto de vitória da Vida

Contra a morte

E deixaste teus lábios balbuciar

Aqueles versos escondidos

Da raiva que te oprimia

Por quereres ser a Liberdade!

Contavas os dedos e as pedras da rua

Olhavas as estrelas e os sons

Das sandálias que chocalhavam

A rua, num cortejo solitário

De pensamentos e vontades,

Que encerravas nas mãos fechadas

Ávidas de se abrirem ao vento.

Foi em Abril, que te vi e ouvi

Cantar aquela música de encontros

Na confusão do ser e não ser

Que ao fim da rua enontraste

Na farda verde de um soldado,

Que te acenou na alegria de ver

Espreitar, determinada, sentida!

Chamaste-lhe de Maia,

Verdejante como o Salgueiro

Que cresce livre no riacho

Bordejante, cintilante, livre

Que corre rumo a um mar de coisas

Que traduziste numa manhã sentida

Nas feridas ainda abertas

Na carne e no espírito irrequito que é teu!

Foi em Abril que te abracei,

Oh Liberdade mulher,

Estreitei teu corpo frágil contra o meu

Envolvendo a terra, o céu, o mar

Sempre esse mar tormentoso, distante

Que roubou a juventude

Ao meu país ditoso

De campos floridos, de tristeza e desencanto.

Abril. Sempre Abril das crianças

Das flores, da esperança, da vida,

Aquele que não é mês nem calendário,

É o principio de um fim por alcançar

Num embalar de cantos, poesias e amor

Com que na rua te abracei e gritei :

Como te amo, oh Liberdade!

25 de Abril

José Domingos

Jose Domingos
Enviado por Jose Domingos em 26/12/2008
Código do texto: T1354126
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