A VIDA NO MOMENTO

Flutua branca a única nuvem lenta
E na azul quiescência sonolenta
A deusa do não-ser tece ambas as tranças.
Maligno sopro de árdua quietude
Perene a fronte e os olhos aquecidos,
E uma floresta-sonho de ruídos
Ensombra os olhos mortos de virtude.
Ah, não ser nada conscientemente!
Prazer ou dor? Torpor o traz e alonga,
E a sombra conivente se prolonga
No chão interior, que à vida mente.
Desconheço-me. Embrenha-me futuro,
Nas veredas sombrias do que sonho.
E no ócio em que diverso me suponho,
Vejo-me errante, demorado e obscuro.
Minha vida fecha-se como um leque.
Meu pensamento seca como um vago
Ribeiro no verão . Regresso , e trago
Nas mão flores que a vida prontas seque.
Incompreendida vontade absorta
Em nada querer... Prolixo afastamento
Do escrúpulo e da vida no momento...
Vera Fracaroli
Enviado por Vera Fracaroli em 22/05/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T999867
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