- PREGUIÇOSA MANHÃ DE SEXTA FEIRA -
Acordo cedo na manhã fria.
Decido, por pura preguiça,
não ir trabalhar.
Deixo-me ficar imóvel,
perdido de tanto pensar,
diante da TV e da vida.
A tela revela
a manhã de sexta-feira.
Puro tédio,
só besteira:
Servidores públicos em greve,
um novo assalto seguido de morte,
ou seria o mesmo de ontem,
ou de outro qualquer dia,
por falta de notícias, re-noticiado.
A morte a se banalizar na mídia,
Como se fosse normal
Viver assim, entregue à própria sorte.
Mas hoje, a morte não me interessa.
Hoje, quero apenas pensar em vida.
Pensar em namorados de mãos dadas,
em beijos e abraços sonhados.
Encontros marcados
e cumpridos sem atraso.
Desejos satisfeitos,
corpos saciados.
Tudo, retratado no meu poema,
que se faz num bordado delirante,
sobre o branco vazio da página,
celebrando a doce vitória:
da alegria sobre o tédio,
do amor sobre o medo,
da vida sobre a morte,
da verdade sobre a hipocrisia,
Além da certeza de um futuro radiante.
- JL Santos, 09/05/2008