Venha vê o pôr-do-sol querida

Venha vê o pôr-do-sol querida

De onde quer que você esteja

Sem matéria ou ainda em vida

Ouça o pensar de quem te deseja!

Os lábios ressequidos, sem carinho

Esperam por pousar nesses teus

Onde um dia cansado achei ninho,

Para antes de morrer dizer adeus!

O por do sol querida, venha vê!

A beleza se espalha pelas águas

Do majestoso rio, pleno de poder

D’ouro nele cores vão sem mágoas

Num momento entre o dia e a noite

No fim do dia, no fim do entardecer

Eu te chamo silencioso, me acoite

Antes que me lace abraço do anoitecer

Venha querida, decidido te espero

E se não vens, assim ainda seguindo

Permaneço à beira do enigmático rio

Que me olha me chamando, e indo

Como se esperasse malograr o desafio

De te esperar e chamar do meu coração

Nessa noite em que me lambe vento frio

E quisesse juntar a minha sua solidão

Ouça só querida suas águas escorregando

Ela leva seres mortos, vivos, indefinidos

Que vão sobre as suas águas me olhando

Da escuridão, e olhos já do mundo banidos

Venha querida nessa hora que não é hora

Hora nenhuma essa hora pode ser, ou é

Venha, pois nem sei se já fui embora

Se te espero porque assim alguém quer,

Toco-me, já não me sinto! Apenas você

Poderia através de seu etéreo amor

A este que clama, numa flama, dizer

A que lado pertenço, eliminar a dor

De não saber aonde ir, por onde procurar

A quem meus ouvidos não mais ouvem

Nem parece ouvir meu renitente chamar

Como se falasse ao ouvido duma nuvem

Que o amor fez de mim, de você

Que explica essa situação pavorosa

Aonde uma oração vai longe se perder

Sem verter-se em esperança, Bela Rosa.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 16/03/2008
Código do texto: T904042
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