CÓDIGO ROSA

CÓDIGO ROSA

Tome a nave

Aporte no que nem imaginas

Nas veredas das águas

No meu manto azul

Deite na relva das ilhas bordadas

sem hora e atraque, descanse

Olhe o crepúsculo dos homens

Soldados da inanidade

E não chore mais,

ninguém derramou lágrima,

Regou teu corpo que espocavam flores

Tinham agulhas de gelo a te ferir com o descaso

Geladas mãos da solidão

para te sangrar nas chuvosas madrugadas

Ladrões do sol, da vida, do ar

Fugistes, e não acharam falta do andante amor

em cabelos fios d’ouro

Marinheiro da alvorada

Navegue teus olhos no cetim que sobra

Na encosta, atrás das montanhas

Veús da noiva inda transparecem

Reme ao paraíso dos sozinhos

Leve o código, a senha para costurar a verdade

Honesto jardineiro, nas mãos enxadas

Que debulham a terra para ter vida centeio

Acarinhe as figueiras da honra,

dê bom dia ao sorgo prado heróico

Valse com os pássaros e cate gravetos

Corra à borboleta que indica os caminhos da certeza

Sem tombar às pedras negras,

Sem parar de sonhar

Volte ao leito oceano

Flutue nas bentas águas

Descame lantejoulas dos peixes e engula-os

Banhe-se de sal, mergulhe

Nas cidades perdidas de mim

Como quem tem fome do cristal

Submerso, o reverso da medalha

Encontrarás teu semelhante em cavalos marinhos,

refletindo a palavra, o brilho entre vestes

Resgate o nu igual

A senha rosa,

botão

Alcance o ponto

sem nó

O verbo sagrado

Cíntia Thomé

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 15/03/2008
Reeditado em 23/09/2008
Código do texto: T902215
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