CÓDIGO ROSA
Tome a nave
Aporte no que nem imaginas
Nas veredas das águas
No meu manto azul
Deite na relva das ilhas bordadas
sem hora e atraque, descanse
Olhe o crepúsculo dos homens
Soldados da inanidade
E não chore mais,
ninguém derramou lágrima,
Regou teu corpo que espocavam flores
Tinham agulhas de gelo a te ferir com o descaso
Geladas mãos da solidão
para te sangrar nas chuvosas madrugadas
Ladrões do sol, da vida, do ar
Fugistes, e não acharam falta do andante amor
em cabelos fios d’ouro
Marinheiro da alvorada
Navegue teus olhos no cetim que sobra
Na encosta, atrás das montanhas
Veús da noiva inda transparecem
Reme ao paraíso dos sozinhos
Leve o código, a senha para costurar a verdade
Honesto jardineiro, nas mãos enxadas
Que debulham a terra para ter vida centeio
Acarinhe as figueiras da honra,
dê bom dia ao sorgo prado heróico
Valse com os pássaros e cate gravetos
Corra à borboleta que indica os caminhos da certeza
Sem tombar às pedras negras,
Sem parar de sonhar
Volte ao leito oceano
Flutue nas bentas águas
Descame lantejoulas dos peixes e engula-os
Banhe-se de sal, mergulhe
Nas cidades perdidas de mim
Como quem tem fome do cristal
Submerso, o reverso da medalha
Encontrarás teu semelhante em cavalos marinhos,
refletindo a palavra, o brilho entre vestes
Resgate o nu igual
A senha rosa,
botão
Alcance o ponto
sem nó
O verbo sagrado
Cíntia Thomé