Quando?
Ontem,
perdi a paciência
tive raiva
sentimentos que não se mostravam - como gostariam
há tempos
Ontem... Hoje
tenho tido impaciências
sinto raivas
De você?
De mim?
De você,
por seus medos
... suas fugas
por suas palavras só pensadas
Raiva das suas mãos
da sua boca
das suas pernas, do seu olhar
(E que raiva do seu olhar!)
De mim,
por minhas omissões
pelo quanto não fui - medo? covardia?
Raiva de mim
por tantas palavras destrambelhadas
palavras sem nexo, tão confusas
que, a você, nada dizem do que quero
Raiva de mim
por ter soltado suas mãos,
nas poucas vezes em que
seguraram as minhas com tanta propriedade
por não sugar da sua boca
as palavras que você engole
que prefere guardar
Sugar da sua boca...
da sua boca eu jamais sugaria apenas palavras
Hoje eu sugaria a sua alma
e ela, sim
eu guardaria
Sua alma reclamaria por suas pernas
delas hoje eu me apossaria
De suas pernas eu tomaria posse:
Por mim,
para que aquecessem as minhas
Por você,
para ver sua alma de pé
E,
por fim,
sinto raiva de mim
talvez só de mim
pelo seu olhar
Só de mim e pelo seu olhar
Seu olhar que me desnuda a vida
a ele me expus - completamente indefesa
E por ele fui vencida!
Que raiva!
Que ódio!
De nós dois
Pelo amanhã que por nós foi adiado
Renegado.
(28/mai/2007)