OUTRAS FACES DO AMOR
Saibamos nós que o amor,
Segue dupla direção,
Hora forte, hora fraco,
Pára ou pulsa um coração;
Quando sobe também desce,
Às vezes reduz ou cresce,
Seguindo na contramão.
Sofre quando não feliz,
Chora mesmo sem ter dor,
Corre, apressa ou se atrasa,
Odeia ou sente o amor;
Se veste quando é preciso,
Despe-se por um sorriso,
É bravo e sente o pavor.
Ironiza a quem o tem,
Galanteia quem o despreza,
Por vezes é traiçoeiro,
É incrédulo, porém reza;
Sublime em certo momento,
Estático ou em movimento,
É sozinho ou se reveza.
Frio é, ou calor sente...
Seja verão ou inverno,
Pede para ir ao céu,
Quando não, vai ao inferno;
É piedoso e também cruel,
Transforma o doce em fel
E o ontem no hodierno.
Quer ser bom se torna mal
E não escolhe o caminho,
Quer está com muita gente,
Quando quer ficar sozinho;
Traveste-se em nobreza,
Mas vive sobre a pobreza,
Vai do veludo ao espinho.
Não se entende o amor,
Ele é urbano ou campestre,
Encontra-se em toda parte
Em várias cores se veste,
Respondam-me por favor,
É assim mesmo o amor,
Ou quem dele se traveste?
Rio, 13 de fevereiro de 2008.
Feitosa dos Santos