Soturno

Se for amor, não se pode ver!

Se for dor, tão pouco se sente!

Se for sorriso, seja condescendente!

Se for devaneio, como saber?

Ao tomar a vida por viver...

Se for o único meio, a escuridão...

Se for não poder com o coração.

Se for inferno, amor não pode ser!

Se for inverno transitando a primavera?

Se for... Será devaneio colocar-se contra a dor.

Se for a morte ceifando do mundo todo o amor?

Se for assim tão contrário, o céu me espera!

Se estiver nos bosques a nova esperança?

Se for ponto de vista, solto aos anos?

Se for mortal a oração com enganos?

Se for assim, sirva-se de mim, doce criança.

Se for aquele de onde sopra o vento...

Se for da alma, por que gozo de dores?

Virgem tua imagem, em noites de fulgores,

Banhas minh'alma e a rota tento.

Se for amor, por que magoa tanto?

Se amas rude o peito, dás à ilusão,

Que fazes o dia um copo de pranto.

O que poderei sem poder?

Se está presa em mim a noite,

Para matar-me soturno o bem querer.

O que podereis contra o açoite?

Deita-me a lança do perder...

Até que a criança se afoite...

- 10/06/1996

*Poema elaborado com inspiração nas obras de Luís Vaz de Camões.

Trata-se de um projeto escolar desenvolvido há muitos anos.

Robin S
Enviado por Robin S em 31/03/2025
Reeditado em 31/03/2025
Código do texto: T8298421
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