A Profana Liturgia do Desejo

Ah, mulher, tua sedução não grita: sussurra,

Nos gestos mínimos, no deslizar da língua,

Nos lábios que curvam blasfêmias impuras,

Na chama indomável que tua carne instiga.

És mais que o brilho — és treva e veneno,

Um convite pagão ao altar do prazer,

Teus olhos me caçam, teu riso é terreno,

Onde me ajoelho para te pertencer.

Boca que devora com fome sagrada,

Sucção de falo, rosário de profanação,

E no roçar do teu hálito em minha espada,

Transformas espasmos em oração.

Teu corpo, altar de luxúria encarnada,

Abre-se como vulva de puro poder,

Molhas rios profanos em danças molhadas,

Onde meu pau mergulha até se perder.

E enquanto te fodes e és fodida,

Uma santa herege a gozar sem pudor,

És a tormenta, a dor e a vida,

És a puta sagrada que é puro clamor.

Nos teus detalhes, oculto o inferno,

Uma face divina de pecado e rancor,

E eu, teu servo, num êxtase eterno,

Profano teu templo com minha dor.

Ah, mulher, rainha da carne e do abismo,

Foder-te é morrer e renascer no orgasmo,

És minha prece, meu sacrilégio, meu cinismo,

E em tua vulva, encontro meu misticismo.

Cleyton Berkaial
Enviado por Cleyton Berkaial em 16/12/2024
Código do texto: T8220602
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