A Profana Liturgia do Desejo
Ah, mulher, tua sedução não grita: sussurra,
Nos gestos mínimos, no deslizar da língua,
Nos lábios que curvam blasfêmias impuras,
Na chama indomável que tua carne instiga.
És mais que o brilho — és treva e veneno,
Um convite pagão ao altar do prazer,
Teus olhos me caçam, teu riso é terreno,
Onde me ajoelho para te pertencer.
Boca que devora com fome sagrada,
Sucção de falo, rosário de profanação,
E no roçar do teu hálito em minha espada,
Transformas espasmos em oração.
Teu corpo, altar de luxúria encarnada,
Abre-se como vulva de puro poder,
Molhas rios profanos em danças molhadas,
Onde meu pau mergulha até se perder.
E enquanto te fodes e és fodida,
Uma santa herege a gozar sem pudor,
És a tormenta, a dor e a vida,
És a puta sagrada que é puro clamor.
Nos teus detalhes, oculto o inferno,
Uma face divina de pecado e rancor,
E eu, teu servo, num êxtase eterno,
Profano teu templo com minha dor.
Ah, mulher, rainha da carne e do abismo,
Foder-te é morrer e renascer no orgasmo,
És minha prece, meu sacrilégio, meu cinismo,
E em tua vulva, encontro meu misticismo.