As insuportáveis dificuldades insuperáveis
A água parece que escorre entre meus dedos
Há uma espécie de sede que jamais morre,
O que sinto e deixo de sentir, aquilo que nem percebo,
Tudo está em mim, o vazio e a despedida jamais consumada,
A chegada sempre adiada,
Nenhuma mensagem, nenhuma notícia, nem da vida, nem das solidões...
São riscos que não tomam forma dentro de uma mente de si e de tudo perdida, mas que pedida, impossível de ser encontrada, de se encontrar,
Como se não quisesse, como se não soubesse que não quisesse,
Sabe? Inconsciente como uma folha que o venho leva,
Que os córregos ainda não descobertos carregam sem ninguém saber para onde,
Como se ninguém quisesse saber,
Como se ninguém pudesse nem mesmo querer não saber,
Uma inexistência em si mesmo existindo,
É...
Será a saudade uma espécie de distância infinita e viva, uma coisa está sempre na iminência de morrer,
Ameaçando o último suspiro, mas que depois dá um e mais outro e outro, mais cansado, mais sem vontade, e mais e mais fraco, sem nunca ser o último, eternamente...?
Eu não sei
Faz tempo que não sei
As coisas tomaram caminhos tão sem vida,
Tão sem cor,
Tão sem brilho,
Mas jamais sem uma continuação...
E é por isso que estou aqui, aqui onde não sei
Sem o menor desejo de saber,
Sem querer,
Sem saber quando,
Mas indo, sabe? Não sei como, nem que força me move,
As coisas ficaram estranhas,
Os espelhos não me olham, e o que vejo de tro deles é como se fosse um outro espelho,
E dentro desse, mais outro e outro, sem que dêem tempo de formar qualquer imagem...
As referências se dissiparam
Minha alma se foi não me lembro quando
Não sei para onde
E nem em sonhos a consigo encontrar,
Nem a imaginar,
As coisas parecem que se diluíram em algum momento, em algum momento que nunca começou,
Nem terminou...
Será a saudade a essência da vida?
Uma saudade de um futuro
Vivendo em um passada
E nosso ser, vazio de tudo, a sentindo, sentindo, sentindo...
Quem tem alguma certeza que me possa emprestar só por um instante?
Se eu voltasse será que conseguiria te encontrar?
Será que seguir dia a dia não é a mesma coisa que estar voltando?
Porque não vejo horizontes, eu não sei mais para onde sonhar,
Talvez você nunca tenha existido
Talvez eu nunca tenha existido
E em vez de mim
Neste momento em vez de ser eu em você,
Você é que esteja em mim a pensar...
Será que sou um pensamento seu?
Será que o amor é assim cheio de viscosidade?
Será que quem ama
Não sabe ou não quer jamais acreditar
Que não pode haver um dia em que será
Mais difícil seguir amando
Do que deixar de amar...?
Quem pode me emprestar uma certeza?
Por que não é possível deixar de amar?
Eu gostaria muito de saber o que é isso,
Isso que acontece agora
Que não tem nome
Nem nunca vai embora...