A simbiose d’almas. 

 

Como um mantra, a tua voz, em mim vibra e me abduz,

Tal qual o canto da sereia, que a tantos margeia e seduz.

O céu da tua boca, por tantas vezes foi meu céu… 

E os teus olhos castanhos são vitrines dos teus lábios, amealhados de mel…

 

Em teus braços há o abraço, que simplesmente acalma,

No calor do teu regaço, faz seu paço, a minh’alma…

O teu beijo é o porta-voz do que represas no coração,

O teu cheiro é o meu algoz a afastar-me da razão…

 

E o teu corpo tem o escopo atrelado à minha sina,

Teu sorriso extrai de mim o siso e de pronto me fascina…

Teu espírito adistrito, restrito aos meus desejos,

A tornar mais jubilosos e ditosos, os meus insípidos ensejos.

 

Tua imagem é miragem a iludir meu noturno desértico,  

O teu ser invade o meu ser, num melodrama por demais poético,

A tua luz reluz, a iluminar o meu espectro apagado…

Enquanto teu olhar de águia embica meu coração, totalmente no teu coração, espojado.

 

E eu dependo de ti em tudo, falas por mim enquanto estou extasiado e mudo,

Mas sou o teu megafone, quando ponho a boca no trombone, 

E grito que te amo! 

E ris o riso mais lindo, quando por fim, eu te chamo…

E nosso encontro é sempre assim, em cheiros de flores e cores de um abençoado jardim…

E eu vivo de ti e tu vives de mim, numa espécie de osmose, superando metamorfoses, numa simbiose sem fim.