Tudo que, mais ainda, agora restou...

Acumulado das sombras dessas árvores antigas

Meus olhos, às vezes, se depositam no infinito

E então meu corpo anda como um atômata

Por essa cidade de sol estridente,

Atravessando ruas

Sem que me dê por isso, sei lá...

Quem vai matematizar tudo que temos dentro de nós?

Ouço distante o buzinar nervoso dos carros,

Vejo como permeado por uma penumbra

Braços me enxotando,

Xingamentos chegam aos meus ouvidos distanciados...

Diriam que estou numa espécie de suicídio,

É verdade, meus amigos,

Mas não dão por isso meus sentimento rarefeitos,

Meus setindos espectralizados, lentificados...

Dentro de mim é como se fosse noite,

E isso sempre acontece quando

Percebo tua ausência, sempre, sempre presente...

Ela enche minha alma de frio

E faz meu coração parar,

Estou sem destino, amor...

A distância no tempo,

Estabelecida por cada segundo que se escorreu

Desde aquele último dia

Que vi o brilho de teus olhos silenciosos,

Cheios de amor, de amor de outro mundo,

Do teu mundo...

Essa distãncia só aumenta,

E me fasta mais e mais

De forma inexorável

Da última, e de todas as outras lembranças

De teu ser angelical...

No entando, apesar de tudo, meu bem,

Eu sigo,

Sigo te carregando para sempre,

Unindo meus esforços em te recriar,

Para que estejas de alguma forma sempre comigo,

Apesar de tudo, apesar de tudo, apesar de parecer loucura,

Que seja, que assim me vejam

Todos dessa cidade,

Nem eu sei o que carrego aqui dentro,

Mas não posso te perder,

Não posso te perder de mihas lembranças mais ternas...

Eu sigo por onde vou te carregando para sempre, amor...

Nesse rio que nunca seca,

Que leva tudo,

Velhos, mulheres, crianças, sonhos, dores e esquecimentos,

Leva-me também os anceios, de agora

E de há tempos, tempos perdidos nos infinitos das mentes para sempre adoecidas de amores e desamores jamais realizados, ou esquecidos, eternas dores, eternas saudades jamais mitigadas, para sempre esvaziando as almas dos que amaram verdaderiamente...

Impossíveis,

Impossível, tudo se tornou impossível,

Quem um dia imaginou issso?

Estender a costa da mão em teu rosto macio,

Acolhedor de meus carinhos, agora em abandos...

O cheiro de paraízo de tua alma,

Teu hálito cheio de perfumes de impssível descrição,

Ah, que imaginou que tudo um dia pudesse se romper,

Quem imaginou que ouviria agora apenas

O som inaudível

Que minha pegadas vão fazendo nessa estrada etérea, esse mundo imaginado continuamente...

Eu respirava o exalar de tua alma

E isso me enchia de vida,

De uma vida que jamais tive

Que nem jamais imaginei que houvesse...

Vai tudo turvando esse rio que os relógios não param,

Nem um ordem é possível que lhe impessa,

Não há represas nesse rio,

Mas as há no meu coração escuro,

Inundado por lágrimas,

Lágrimas fantasmas que tenho derramado

Em silêncio dentro de uma sombra que as recolhe em silêncio,

Sem me dizer palavra...

As sombras, amor, as sombras são minhas amigas agora...

E cada vez mais, cada vez

Que a necessidade

De que você estivesse dentro

Dos meus abraços,

Cada vez mais ela se apresenta mais e mais intensa...

Abraços, abraços demorados,

Como se flutuássemos, e mutio mais...

Sinto-me um fantasma perdido entre os mundos,

Como se tivesse perdido a capacidade dos sentidos,

Como se não tivesse mais sentido,

Sem sentido,,

Sem sentido algum...

Onde está o sentido disso tudo?

Onde queria estar,

Mas não estou,

Não posso estar,

Ném aqui, nem lá,

Nem em qualquer lugar,

Qualquer lugar sem ti

É lugar nenhum,

Não posso estar em lugar nenhum,

Estou sem ti, amor, e só eu sei o que isso significa...

Não, eu não sei, não sei, amor, não sei...

Eu não estou onde estou,

Não sem ti,

De quem nem o vento,

Nem o calor úmido dessa cidade me

Trazem notícia alguma...

Uma dor profunda achou

De se arranjar em meu coração,

Já tão doído, você sabe, meu bem, você soube...

Está aqui a dor de estar para sempre

Separado de ti...

Quando durmo,

Quase sempre acontece,

Sonho contigo,

Eu peço isso nas minhas preces,

Cada sonho é um encontro,

Vejo-te com teu olhar terno

Debulhar com carinho extremo

Pavras, e atenção milagrosas,

De uma espiritualidade pura

Dirigidas a mim,

Mendigo de tudo de ti, agora...

Sinto-me velho, milhares de anos mais velho,

Mas te ouço como uma criança perdida

Que achou quem a amasse

E a levasse pra casa,

E a fizesse dormir contanto uma história impossível...

Sedento de tudo de ti

Mãos e olhares,

Toques delicados,

Fugases nessa realidade onírica,

Verdades são ditas sem palavras,

Como se um entendimento

Se fizesse numa forma de energia etérea

Que fosse direto a ferida em meu peito

Nascida desde quando nunca mais te vi...

Para nem tudo há palavras, amor...

Que saudades...

O mundo,

O intervalo de tempo

Em que caminhamos juntos o mesmo caminho,

É como uma brasa eterna

Alimentando cada abismo de agora

Em que me encontro,

Sim, sem ti, sou abismos de abismos,

Frios abismos

Onde almas se jogaram

E se jogam

Gritando desesperadamente

Por você...

Cada um desses é um eu,

Um em que morre

Em cada segundo desses que chega

a mim, sim,

Em mim há morte,

E o nascimento para o segundo seguinte,

Em que não há choro no naciturno,

Mas ele surge com gritos,

Gritos por ti,

Por teu nome ja meio esquecido,

Como se pedissem socorro,

O apertar de tuas mãos

Que os impedissem de morrer continuamente...

Eles ja nascem sabendo que vão morrer

Imediatametente, amor,

Continuamente,

Enquanto tua ausência

Enquando tua ausência estiver

Em cada ser que compõe a minha alma devastada...

Do meu pensamento

E do meu coração ferido,

Mortalmente,

Ferido sim,

Sem jamais poder te esquecer...

O vento sopra

Os dias morrem,

As folhas caem, morrem os homens

De uma velhice incomum

E eu ando

Como se tivesse em alguma

Beira de estrada, sim,

Te esperando com o peso da certeza

De que você

Jamais nunca virá,

Às vezes fingido que isso não acontece,

Que você nunca jamais vai vir...

Numa estrada de niguèm,

Composta de nadas,

Onde apenas o meu pensamento

Inundado por um desejo todo de amor

Eternamente concentrado

Nas lembranças que mim deixou,

Não teu corpo delicado,

Nem os amores dele,

Mas tua alma imortal,

De extremo amor de pureza infinita

Que me fez um dia

Ou por apenas um momento,

Eu não sei mais...

Viver

Sem ter a alma embrenhada

Pela escruciante dor,

Sofrimeto, amor,

Sofrimento

Foi tudo o que era antes,

Foi tudo que, mais ainda,

Agora restou...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 05/07/2024
Código do texto: T8100690
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