Sobre a montanha
Sobre a Montana mais alta que há no mundo
Eu me vejo espalhando meu olhar sobre as coisas
Um olhar espelhado
Como raios
Munido da luz das estrelas
E das escuridões dos buracos negros mais super massivos
Eu vejo o que está claro
E o que está escuro
E sinto saudades das agruras da subida
Da quedas e das vezes que rolei
Como uma pedra louca
Ladeira abaixo...
Da montanha dos meus sonhos
Eu posso ruflar como Ismália
E descer ao mar
E ao mesmo tempo subir ao céu
Sem me machucar
Nem desviver...
Eu sou imortal,
Minhas palavras são apenas gotejamentos
De minha alma obscura
Que vai se revelando
Não do cume
Mas na caminhada sinuosa dessa vida...
Eu já morri muitas vezes
Já fui suicida
Fraticida
Condenado
Queimado
E agora estou aqui
Sobre essa montanha sonhada
Para ver o desabrochar de todas
As flores
E o brilhar em todos os os orvalhos
Dessa luz que se derrama de graça...
Se me é faltado amor,
Então porque o dia amanhece...?
Eu estou em todo lugar
No fundo do abismo
E de lá posso enchergar
O que a montanha não pode me proporcionar,
Nas fossas abissais oceânicas
Dentro do fogo e do gelo
Resistindo às intempéries
Me derretendo,
Me liquifazendo
Me evaporando
Sublimado
Leve subindo aos céus
Descendo aos infernos
Qualquer lugar é meu lar
No palácio ou na sarjeta
Eu sempre vou estar junto comigo
Mesmo sem ter amigos,
Sem ter razão
Não escuridão da loucura
Onde quer que seja,
Cavalo selvagem gosta de correr tortusosamente
E para de repente
E inspira uma boa quantidade desse ar puro...
Onde quer que eu esteja
Eu consigo me por
No cume da montanha
E vejo o mundo
Inundado de amor...