Hoje é o dia

Hoje é dia de reparar as flores,

De amar os pássaros

De lembrar dos riachos

De caminhar até o fim, sempre além,

O fim sem fim

Hoje é o dia de ver as árvores que soltam suas folhas

Que redemoinham no vento

E vão cair longe

E aquelas debaixo das árvores

Na penumbra das sombras

Que não quiseram se afastar da árvore mãe

Que vão se decompondo aos poucos

Transformando-se em húmus...

Hoje é o dia de lembrar que o dia sempre amanhece

Que nem todo mundo tem um amor

Que nem todo mundo precisa de um amor

Porque há pessoas e coisas

Já cheias, plenas de amor

Que amam tudo, a todos

As estradas abandonadas e as pedras silenciosas

Sozinhas

Estóicas...

Hoje é o dia de lembrar

Dos amores esquecidos

Daqueles que foram difíceis

Que partiram em mais de mil pedaços nosso coração doído...

Hoje é o dia de lembrar das coisas que já passamos

Que passaram em nós nos machucando

De lembrar de Nietzsche

Porque aquilo que não te mata te deixa mais forte

Hoje é o dia de se olhar no espelho

E ver as mais de mil faces que já tivemos

Que andam conosco por onde vamos

Em tudo aquilo que sonhamos...

Hoje é dia de abraçar essas imagens

Do menino e da menina que um dia fomos

De cada ser que já fomos

Abraçar a todos,

Aqueles que continuam chorando

Aqueles que se perderam no lago da vida

O dia de se amar profundamente

Como se o mundo fosse acabar agora

Nesta hora em que não nos achamos mais

Porque somos sempre diferentes do estamos sendo

Até o infinito e a solidão mais dolorida

Amar,

Amar a solidão e a loucura que vão junto conosco

Inexoravelmente

Nós dizendo em vozes silenciosas

Coisas e matemáticas que não é temos

Mas que são luzes que nos guia

Como se só o nosso amor contido em nós mesmo

Existisse nesse momento

Em que tudo que temos é um abraço vazio

Hoje é o dia de amar os vazios

De amar os mortos que carregamos

Eles são nossos irmãos, não pensam

E os levamos por mais cansados que estivermos

Porque cada um deles é um de nós que fomos um dia

E eu te amo ressoa em nossa mente

Num lugar ermo

Sem ninguém

Só nos mesmo dando vida as estradas longínquas

Muito,

Muito mesmo

É necessário amar este momento

Neste momento

Aquele

Que não queremos ser mais

E aquele que nunca conseguimos ser

É preciso amar

Esse ser estranho,

Sempre incompleto

Chamado eu....

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 12/06/2024
Reeditado em 14/06/2024
Código do texto: T8084359
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