Vital
Quem dera o relógio
Apressasse os ponteiros
E diminuísse o espaço
Entre o teu caminhar e o meu.
Eu perderia o prumo.
Alcançaria o gozo mútuo
Dos instantes mais sublimes contigo.
Devaneio é sonhar
Com o dia que a geografia
Romperia o seu castigo
Em nos limitar...
E com ares de contemplação
Eu te prenderia à minha íris
Detalhadamente.
Quisera o desejo
Virar tatuagem
Nos poros do nosso ser
Denso e palpável
Onde as frestas de teus segredos
Seriam minha maior poesia
Teu corpo, minhas linhas...
Quem dera a razão
Pudesse subsistir somente nos risos
A emoção seria vital
Remota chance em ser racional
Diante à tua gigante beleza
Loucura é não se perder
Dentro de tua imensidão.
A verdade é que amar
Lateja nas linhas do peito,
Feito poema vivo;
Adorna o sentimento;
Formoseia o desejo
E presenteia sem apelar
Por ser devidamente belo.
E essa mutualidade do elo
É prazer indescritível.
Uma vez ofertado, enraizado está!
Contudo, sonho
Um dia alcançar...
A rica dádiva de amar e ser amada
Até transbordar.