Bailarina

Quimera a razão de sentir

O pulsar de pele,

Latejando desejos que não posso viver.

... e eu, sonhadora e encarecida de colo, me atiro nos braços do descompasso de um "não possuir".

Esmaecida nos sonhos de outrora,

Vibro diante todas as falas e gozos de uma presença súbita,

Que me agride os átrios,

Nessa doação louca

Por não controlar o anseio

de expelir com toda a força,

um sentir calado e forte;

fonte de prazer,

num misto de renascimento e fim.

Devaneço ao mal passo e embeveço

No próprio mal, travestido de bem,

Pela eminência de me sentir viva.

Ora questiono:

Porque me roubas todos os anseios, se não vais ficar?

Detens minhas vontades nuas, sobre tuas mãos firmes,

como quem apara a vida no ar...

Porque és o dono do meu choro e riso...

E nessas idas e vindas de mim,

Desapego e reconecto com a insólita paz que você traz...

Doo vida e me embriago

Nesta entrega que me consome por completo.

Doce amargo que dilacera meu ser...

É desatino em peito escancarado

Que abrasa e cura, sem ter pressa de voltar...

Já não sou fúria em tua ausência

Pois minha carência é bem maior que os vãos que me tomam por solidão,

Me fazendo enxergar amor

onde somente a falta me faz habitar.

Cada dia caminhado em teu peito

É morada que atiro e morro

Num gatilho que me sustenta pendurada...

nessa masmorra que me sufoca o gozo de me sentir viva...

Ainda assim, não abro mão de balançar nessa corda insana e fria,

Onde feito pássaro em gaiola, danço, jurando ser bailarina.

Brenda Botelho
Enviado por Brenda Botelho em 28/11/2023
Código do texto: T7942436
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